sábado, 24 de novembro de 2012

Das revistas femininas

Estava eu aqui instalada no sofá, laptop apropriadamente instalado no colo e ali do lado esquerdo, insidiosamente vermelha e amarela, uma revista feminina. Pelo canto do olho, vi na capa uma modelo de cabelo desgrenhado e olhos esbugalhados, nitidamente abaixo do peso ideal, a ocultar parte do nome da dita (o que até me pareceu muito bem já que a cara não joga com a careta).
Se estas revistas dependessem de mim para viver, já tinham falido todas antes do n.º 2 mas, mesmo assim, como que para me lembrar da razão por que não as compro, lá comecei a folheá-la. Contracapa, anúncio, seguintes, anúncios, só na oitava página aparece um índice que estupidamente não começa no início nem acaba no fim. Décima página, mais um bocado do índice entre anúncios. Editorial, um quarto de página e mais anúncios. Entretanto mais roupa, sapatos, assessórios, de marca e com os preços e as fotos, e mais anúncios. E só à trigésima sexta página aparece algum texto digno de interesse, sobre livros. Aí, confesso que desisti. Lá pelo meio vislumbrei dois artigos de duas páginas com algum interesse e depois fartei-me das publicidades de página inteira de marcas famosas, atrizes e modelos e cenários inverosímeis e virei-a ao contrário para ficar cara a cara com os tons pastel do anúncio miss Dior. Definitely not for me!

Eu admito, quem faz estas revistas não as faz para mim: podem escrever pouco texto mas não são burros! Mas deixa-me triste a imagem mental que está por trás de uma linha editorial deste género: a mulher iletrada, fútil e superficial que compra revistas para ver bonecos. Para isso, vejo o canal panda!

Restam-me as outras, poucas, que falam de assuntos a sério e a fabulosa internet, definitivamente a melhor revista de todas!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Portagens, obrigada!!!

O título começa por ser polémico. Será que não era "portagens, não obrigada"? Não é mais uma das minhas demonstrações de rebeldia? Será que é um erro informático (essa eminência parda que serve de desculpa para tudo o que é azelhice?) Não, não é engano.
Tenho mesmo que agradecer a introdução de portagens e não, também não enlouqueci (embora há mais de vinte anos que ande com um pé lá outro cá). É que graças às malfadadas (aha!) portagens, eu ando muito mais pelas estradas nacionais, devagar, devarinho com tempo para ver as casinhas de pedra, os jadins, os campos, as montanhas, as pessoas, a floresta, as árvores com folhas de todos os tons de amarelo, laranja, rosa, vermelho e castanho... Ah como este país é belo! E se eu fosse parar para fotografar cada recanto de incomparável beleza, então mais valia vir a pé.
Assim, apesar de tudo, caras portagens, obrigadinha!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dos gerontes

Hoje dei comigo a prestar atenção a um anúncio na rádio sobre uma campanha destinada a apoiar "crianças e séniors". Quanto a crianças, acho que estamos entendidos, embora para alguns jornalistas uma criança possa ter até 18 anos. Agora séniors...? Hum. Quem acompanha o desporto pensa logo naquela equipa de jovens a seguir aos júniors. Mas então o anúncio devia ser "benjamins e séniors" e criava-se o problema dos juvenis e dos júniors que ficavam sem apoio nenhum!!!
Na verdade, "sénior" trata-se de um novo eufemismo para "velho". Nada do velhinho ou idoso ou ancião ou "de idade". Agora é sénior. E sabe-se lá o que vem a seguir. Eu, que estou sempre disposta a ajudar, ofereço algumas sugestões mais adequadas àquilo que a sociedade realmente pensa das pessoas com mais de 65 anos (ou algures por aí): précentenário, posativo, recesso, naftalina, paraesquecer, cotagenário, antedefunto. Mas se querem um eufemismo mesmo como deve ser, usem geronte ou no feminino gerontina, que não faz confusão com o futebol e se refere alguém idoso e respeitável, mesmo que não apareça nos dicionários de português, que tal?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Estilo Merkel-low-cost:
Reutilize os seus vestidos do século passado.
Nesta imagem: vestido de veludo para casório de inverno do início dos anos noventa com pregas no ombro e nas mangas e saia travada; vestido de cerimónia dos anos setenta em malha bastante extensível.
Qual OLX qual quê! o que está a dar é vestir e revestir até não poder mais. Além de low-cost, é vintage!

Pensamentos instantâneos sobre a Merkel zu Besuch

1. A sr.a Algela Merkel é mmo poupadinha: não usa maquilhagem e o casaquinho é do tempo em que ainda lhe servia. Eu já cortei nas unhas literalmente e tb n uso maquilhagem e a seguir vou rebuscar os armários. de certeza que lá tenho um vestido de veludo com 20 anos (deve ficar um bocadinho apertadinho) e o meu fato de baptismo. Há que poupar na roupinha. Queridos amigos, se me virem com algum estilo algo alternativo chama-se Melkel-low-cost. tenho dito.
2. Enganaram-se: em vez da visita da Merkel, acharam que era um Benfica-Sporting em Belém! Estavam mesmo com medo que a senhora atacasse alguém ou desatasse a partir montras!
Boa tugas: assim ela fica a saber que há polícia em Portugal e que o desprezo é o melhor protesto que há!
3. Boa, Portas, ao menos ao menos, hoje está SOL! A sra Merkel apreciou- trouxe o fatinho das férias...de há 10 anos.
4. Ai que fofa!!! Só fala alemão! nem um thank youzinho!!! Parece que nem alemão, o jornalista da SIC bem tentou o alemão e não lhe saui mal! :D
5. O Sr Crato tb esteve bem: que bom que é o envolvimento das EMPRESAS no sistema educativo alemão... que se aplique em Portugal. Mas agora que penso nisso, será que ainda teremos empresas para isso???? :<
6. E como dizia uma "popular" (epíteto jornalístico para alguém que não é tido nem achado) e tudo isto por causa de uma mulher! 
7. Não tem mesmo nada com a Merkel, mas não é que até o prof. Bambo se enterrou? O homem disse que tem a certeza que em Portugal a justiça é justa!!!!
8. Ah que apropriado! Vai para o forte de S. Julião da Barra... gostamos de lá levar as boas pessoas... foi lá que o Kadhaffi montou a tenda!!!
9. Frau Merkel empresta o dinheiro a juros baratinhos para lhe fazermos as honras da casa. É mais ou menos como ir roubar as galinhas e convidar o dono para as comer, mas ao contrário.


 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

do amor e da perda

Hoje é um dia daqueles que deviam ser apagados com uma borracha, rasgados do calendário, arrancados do véu do tempo. Até o dia se vestiu de cinzento pesado de chumbo e agora chora. Não me falem de deus, nem o bom nem o pai, nem o tirano nem o castigador. Hoje, nenhum me serve. Nenhum justifica uma vida arrancada aos 18 anos sem aviso. Nenhum consola o futuro que não existirá. Também não me digam que deus criou um anjo porque deus não precisa de anjos, nós é que precisamos. De anjos que andam e riem e nos dão esperança. Os anjos assim criados só nos deixam um buraço na alma, lembranças e saudade. E não me lembro de haver nenhum anjo chamado David.
Hoje é um dia em que o mundo ficou mais pobre e mais triste. Hoje é o dia da perda em que até as palavras faltam.