domingo, 27 de fevereiro de 2011

Gente como nós


Há anos que eu argumento que o povo Tunisino é como o nosso: pacífico, acolhedor e humanitário. Para a maior parte dos Europeus, do Mediterrâneo para baixo é tudo maluco. Árabes, Pretos, Terroristas, tudo igual, tudo no mesmo saco.

Há semanas emocionei-me e apoiei o povo Tunisino na sua revolução do Jasmim - como nós portugueses saíram à rua e mudaram a história sem chacinas nem loucuras.

Agora uniram o coração com os vizinhos líbios na busca pela liberdade. Nos últimos dias, face ao fluxo de refugiados, juntaram a boa vontade e o pouco que têm para ajudar os outros. Nós portugueses faríamos igual. (Pelo menos eu espero que sim)

Fica aqui a minha sincera e emocionada homenagem aos Tunisinos, cujo país tem um cantinho muito especial no meu coração.

Viva a liberdade, viva a solidariedade, viva a humanidade.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A geração rasca anda à rasca


Ah, pois é! Lembram-se que nós éramos a geração rasca (baptizada pelo professor Cavaco Silva), a que anda agora pelos trintas.

A geração rasca que veio à rua por Timor, que fechou escolas a cadeado contra as provas de aferição (graças a elas o país inteiro ficou a conhecer o vocábulo prolixo), que mostrou as partes pudibundas (mesmo bundas) à dr.a Manuela Ferreira Leite, que entrou em massa nas universidades, que foi a mais qualificada de sempre, a mais viajada de sempre, a mais expansiva de sempre, a melhor a jogar futebol de sempre!!!!!

Ora a geração rasca hoje é a geração à rasca. Somos os que pagam a crise ou, pior já não têm como a pagar. Somos os que voltam a desejar emigrar, somos os que no mundo da ciência fazem a história do presente e do futuro, somos os que deixaram de ter orgulho do seu país.

Estamos à rasca com a casa, com os combustíveis, com os medicamentos, com os filhos, com o desemprego, com as portagens. Voltámos para casa dos pais, nós que fomos os primeiros a sair para vivermos sozinhos e deixámos de casar para fugir de lá. Não temos emprego, nós que demos o que tínhamos e não tínhamos para tirar um curso superior quando não haviam CEFs nem Cursos Profissionais, Novas Oportunidades e Maiores de 23 e outros facilitismos do género.

Nós que não temos filhos porque ficámos à espera de lhes poder dar o melhor. Nós que já não temos sonhos porque sem esperança é difícil sonhar.


Andamos à rasca e com uma vida cada vez mais rasca!

Quem me dera ter sabido que o epíteto era tão premonitório...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Soy contra


Eu já tinha previsto que o Khadafi, velho amigo do Sócrates, que literalmente acampou com o séquito em Lisboa por alturas de uma cimeira, era o próximo a por-se a andar. É a primavera Árabe em flor!

Mas agora sou contra! É que com esta história toda de fazerem revoluções a torto e a direito no Norte de África, qualquer dia não ganho para gasóleo! Isto da liberdade e democracia é muito bonito, muito poético, muito "Liberté, Fraternité, Égalité" mas se nos chega ao bolso sou como o velho anasquista - soy contra! :p

Tudo, mas literalmente tudo o que acontece no mundo, seja revolução ou terramoto, serve sempre para aumentar os combustíveis em Portugal! Qualquer dia a Carla Bruni espirra e sobe a gasolina, o Ronaldo falha um golo, sobe o gasóleo, a Lady Gaga aparece de fato clássico e cabelo preto, sobe o gás.

O que eu gostava mesmo mesmo era de saber o que tem que acontecer para subir o PIB, o emprego os salários, o civismo, o respeito pelos outros e o sucesso escolar!!!! Eu cá não digo mas suspeito que há mais algum amigo nos arredores do Mediterrâneo que tem que dar de frosques...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Entre a poupança e o atoleiro






Seria um bom título para uma profunda dissertação político-económica, mas não é!


Tudo começou com o exorbitante preço do gasóleo. Eu, contando em poupar uns trocos, resolvi ir às bombas de um hipermercado. Lá saí da A25 e em vez de ir pelo caminho mais longo, resolvi ir por um belo de um atalho ao lado da fábrica dos azulejos, que eu tinha a certeza ia dar mesmo ao lado do dito hipermercado.


Lá fui eu, com o meu fiel carrinho, rua afora, pelo belo do alfasto recém-colocado, iluminado pelos projectores da fábrica. Estava quase a chegar ao hipermercado, deparei-me com umas poças de água. Não me detive! Com muito cuidadinho lá fui andando até que já não via alcatrão. Decidi-me pela marcha-atrás mas, como o muro se aproximava a uma velocidade considerável, resolvi fazer inversão de marcha. Já estava quase a obter sucesso, atolei. Nem para trás nem para a frente. Lá tentei, insisti, até o carro ficar com uma bela camada de lama, mesmo mesmo como se fosse um verdadeiro carro de rally!


Mas como não dava jeito passar ali a noite, lá chamei o meu cavaleiro andante. Peguei no meu telemóvel cheio de estilo e quase sem bateria e disse:


"Pai, preciso que tragas a carrinha e uma cinta para me vires desatolar!"


Pobre de um pai que ouve isto de uma filha que supostamente está na cidade ou nos arredores, e não numa picada africana!


Entretanto chegou um camião para um estaleiro lá perto e, das duas uma, ou não era cavalheiro ou achou que eu estava ali por motivos escusos e nem uma espreitadela deu.


Lá esperei, atolada na lama a fingir que estava atascada numa etapa do velho Paris-Dakar até que apelei à boa vontade do carrinho e à minha inteligência e com cuidadinho e muito abanar do volante lá nos desatolei! E sem ajuda!


Telefonei então a um pai muito pouco satisfeito com o meu grande feito que estava mesmo a chegar.


Entretanto, só espero que chova torrencialmente a noite toda para o meu carrito voltar a ser branco.


Moral da história:


1- quem faz as estradas nunca as faz como devia;


2 - quem põe sinais na estrada devia por sinais a indicar atoleiros e atalhos sem saída;


3- eu sou a prova cabal de que atalhos resultam mal;


4 - a persistência acaba por dar frutos, portanto nunca desistam de tentar sair do atoleiro mesmo que a salvação já venha a caminho


5- para quem queria poupar, além de gastar uns litros de gasóleo no desatolamento, ainda fiz o meu pai gastar uns litros de gasolina


6- o meu sonho de entrar em Rallies vai cingir-se ao Dakar (a areia suja menos do que a lama)


7- a culpa disto tudo só podia ser do Sócrates e do aumento do gasóleo e eu e o meu carro as pobre vítimas!


8- rir é o melhor remédio (quem mais, senão eu, transformaria uma história potencialmente infeliz nesta obra-prima de bom humor?)






segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O amor...ao dinheiro


Na semana passada um empresário aqui da zona queixou-se a um amigo que não sabia se conseguia pagar os salários aos funcionários. O dito amigo preocupou-se de a situação da empresa estar tão difícil e sugeriu:

- O melhor é venderes o Ferrari...

- O Ferrari????? Os empregados não merecem que eu venda o Ferrari para lhes pagar!!!

Ora pergunto eu, quem produziu os lucros que pagaram o Ferrari?

Com empresários assim, este país não há-de escapar à bancarrota.

E eu, que nem sou de defender o proletariado, acho que os funcionários deviam fazer greve e ele que se lixasse mais o Ferrari.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O São Valentim

O S. Valentim se cá andasse não ia poder com o próprio dia. A começar nas canecas pirosas com declarações de amor acabando na cuequinha com pompons, as lojas estão um verdadeiro enjoo. É mais vermelho e mais coraçãozinho, porta sim.
E agora eu que nunca fui conhecida por ser romântica e acho que até os sentimentos (por definição desgovernados) têm que caber nos limites do bom gosto, tenho pena do pobre do S. Valentim que casava os apaixonados - o santo não ia lá com sem-vergonhices - às escondidas e na maior das discrições, com tanta piroseira agarrada ao nome.
Eu, que não vou em tradições, sempre achava mais adequado festejar-se o Sto António ou o S. Gonçalinho, os casamenteiros cá do sítio...
Ainda assim, que viva o amor e a paixão principalmente em todos os dias que não são os dos namorados! All you need is love!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Só para dizer...

Primeiro que viva o Egipto (eu cá não hei-de escrever sem "p" a não ser que me obriguem) e a liberdade, desde que seja para durar e não só para dourar.
Segundo, gostaria de arranjar uma palavra para classificar a ignomínia de uma idosa ser esquecida durante quase nove anos morta num apartamento da capital, sem que alguém se mexesse. Apenas o fisco nunca se esquece de um contribuinte!!!!! Louvores ao ministério das finanças. Eu digo por piada que os condenados a penas de 120 anos de prisão morrem e continuam lá. Os portugueses que devem ao fisco, morrem e são vendidos junto com o único bem que deixam. Pensando bem, eu já não acharia tanta piada em comprar uma múmia, mesmo que fosse a do Tutankamon, ainda que viesse com sarcófago e tudo...