sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A geração rasca anda à rasca


Ah, pois é! Lembram-se que nós éramos a geração rasca (baptizada pelo professor Cavaco Silva), a que anda agora pelos trintas.

A geração rasca que veio à rua por Timor, que fechou escolas a cadeado contra as provas de aferição (graças a elas o país inteiro ficou a conhecer o vocábulo prolixo), que mostrou as partes pudibundas (mesmo bundas) à dr.a Manuela Ferreira Leite, que entrou em massa nas universidades, que foi a mais qualificada de sempre, a mais viajada de sempre, a mais expansiva de sempre, a melhor a jogar futebol de sempre!!!!!

Ora a geração rasca hoje é a geração à rasca. Somos os que pagam a crise ou, pior já não têm como a pagar. Somos os que voltam a desejar emigrar, somos os que no mundo da ciência fazem a história do presente e do futuro, somos os que deixaram de ter orgulho do seu país.

Estamos à rasca com a casa, com os combustíveis, com os medicamentos, com os filhos, com o desemprego, com as portagens. Voltámos para casa dos pais, nós que fomos os primeiros a sair para vivermos sozinhos e deixámos de casar para fugir de lá. Não temos emprego, nós que demos o que tínhamos e não tínhamos para tirar um curso superior quando não haviam CEFs nem Cursos Profissionais, Novas Oportunidades e Maiores de 23 e outros facilitismos do género.

Nós que não temos filhos porque ficámos à espera de lhes poder dar o melhor. Nós que já não temos sonhos porque sem esperança é difícil sonhar.


Andamos à rasca e com uma vida cada vez mais rasca!

Quem me dera ter sabido que o epíteto era tão premonitório...

2 comentários:

  1. Mais uma vez adorei o teu texto! Muito bem escrito este retrato da nossa geração! No entanto, eu continuo a ter sonhos e esperança, não na classe política infelizmente, mas em muitas outras coisas boas pelas quais luto / lutarei ou que a vida me (nos) vai oferecendo! Marla

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  2. "Rasca" -Foi o Vicente Jorge Silva que criou esse epíteto, no Público (em 1994, acho). Mas estou como a Marla - apesar de tudo, continuo a ter esperança e sonhos (menos porque estou mais zen hahaha) e é preciso lutar pelas coisas, de certa forma, tb. Os políticos não são responsáveis por tudo... Aliás acho que a canção dos Deolinda não critica só a classe política mas a geração em si tb. Uma geração que não sai de casa ou não casa ou adia os filhos porque querem ter liberdade e é mais confortável não assumir responsabilidades. São opções. Pessoais mts vezes e não apenas fruto das conjunturas... Faty

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