sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Entre a poupança e o atoleiro






Seria um bom título para uma profunda dissertação político-económica, mas não é!


Tudo começou com o exorbitante preço do gasóleo. Eu, contando em poupar uns trocos, resolvi ir às bombas de um hipermercado. Lá saí da A25 e em vez de ir pelo caminho mais longo, resolvi ir por um belo de um atalho ao lado da fábrica dos azulejos, que eu tinha a certeza ia dar mesmo ao lado do dito hipermercado.


Lá fui eu, com o meu fiel carrinho, rua afora, pelo belo do alfasto recém-colocado, iluminado pelos projectores da fábrica. Estava quase a chegar ao hipermercado, deparei-me com umas poças de água. Não me detive! Com muito cuidadinho lá fui andando até que já não via alcatrão. Decidi-me pela marcha-atrás mas, como o muro se aproximava a uma velocidade considerável, resolvi fazer inversão de marcha. Já estava quase a obter sucesso, atolei. Nem para trás nem para a frente. Lá tentei, insisti, até o carro ficar com uma bela camada de lama, mesmo mesmo como se fosse um verdadeiro carro de rally!


Mas como não dava jeito passar ali a noite, lá chamei o meu cavaleiro andante. Peguei no meu telemóvel cheio de estilo e quase sem bateria e disse:


"Pai, preciso que tragas a carrinha e uma cinta para me vires desatolar!"


Pobre de um pai que ouve isto de uma filha que supostamente está na cidade ou nos arredores, e não numa picada africana!


Entretanto chegou um camião para um estaleiro lá perto e, das duas uma, ou não era cavalheiro ou achou que eu estava ali por motivos escusos e nem uma espreitadela deu.


Lá esperei, atolada na lama a fingir que estava atascada numa etapa do velho Paris-Dakar até que apelei à boa vontade do carrinho e à minha inteligência e com cuidadinho e muito abanar do volante lá nos desatolei! E sem ajuda!


Telefonei então a um pai muito pouco satisfeito com o meu grande feito que estava mesmo a chegar.


Entretanto, só espero que chova torrencialmente a noite toda para o meu carrito voltar a ser branco.


Moral da história:


1- quem faz as estradas nunca as faz como devia;


2 - quem põe sinais na estrada devia por sinais a indicar atoleiros e atalhos sem saída;


3- eu sou a prova cabal de que atalhos resultam mal;


4 - a persistência acaba por dar frutos, portanto nunca desistam de tentar sair do atoleiro mesmo que a salvação já venha a caminho


5- para quem queria poupar, além de gastar uns litros de gasóleo no desatolamento, ainda fiz o meu pai gastar uns litros de gasolina


6- o meu sonho de entrar em Rallies vai cingir-se ao Dakar (a areia suja menos do que a lama)


7- a culpa disto tudo só podia ser do Sócrates e do aumento do gasóleo e eu e o meu carro as pobre vítimas!


8- rir é o melhor remédio (quem mais, senão eu, transformaria uma história potencialmente infeliz nesta obra-prima de bom humor?)






1 comentário:

  1. A vida tem destas coisas. E se não fosse assim, não teria piada! Se não houvesse umas aventuras de vez em quando, seria muito monótona! O que interessa é que acabem bem, sem mazelas e que provoque sempre uma belas gargalhadas mais tarde... Marla

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