segunda-feira, 30 de maio de 2011

Do pão e do circo


Diziam os romanos que ao povo é dar-lhe pão e circo e tantas e tantas vezes na história outros lhes seguiram o exemplo, às vezes com mais pão, às vezes com mais circo.
O que eu acho que é uma novidade é dar pão a troco de circo! Não vale a pena irem com um saco de carcaças para comprar um bilhete para um circo qualquer, lamento desiludir-vos. Eu estou a falar é da máquina de campanha de um certo partido que tem andado a distribuir saquinhos de sandes a quem for abanar bandeirinhas.
Mas é natural, estamos em crise e um pouco de solidariedade fica sempre bem, não é? Não. Primeiro porque não é solidariedade e depois porque parte da exploração da fome alheia. Não é natural, não é solidário, não é moral, nem é humano de duvido muito que seja politicamente correcto. É mais que revoltante é repugnante e discriminatório.
Já não lhes bastava terem enganado os velhinhos de Cabeceiras de Basto que no regresso de Fátima "passaram" por Lisboa (é que ficam mesmo em caminho) e foram postos a cabecear nos sofás do hotel Altis, agora são os imigrantes africanos, indianos e paquistaneses que são levados a comícios a troco de um saquinho de plástico com sandes e bebidas. Ora, se os velhinhos lá do norte não votam em Lisboa e os imigrantes não votam em lugar nenhum, que raio de apoiantes são estes? Poderiam ser virtuais, mas assim não eram vistos, podiam ser figurantes, mas assim ganhavam mais, podiam ser contratados, mas assim era preciso pagar impostos. São baratos, coloridos, empenhados, obedientes, não percebem português, são os votantes ideais só que... não votam!
Eu acho que é preciso descer muito baixo, ser muito inseguro e muito oportunista (ou muito transparente) para exibir a degradação social por baixo das bandeiras de um partido que (abençoadinho seja!) livra uns pobres desgraçados de um dia ou dois de fome (se forem poupadinhos pode ser que o pão dê) desde que finjam que são apoiantes. Isto não é tapar o sol com a peneira, é destapar o contentor e por-lhe uma bandeirinha em cima.
Agora não digam que eu sou contra os pobres imigrantes, não, sou contra o facto de lhes explorarem a fome e a necessidade, assim como que pendura a cenoura à frente do nariz do burro para o fazer correr. Sou contra o fabrico de multidões à pala da fome. Sou contra a manipulação e a passagem de atestados de estupidez a quem assiste como se as eleições fossem um campeonato de quem tem a claque maior. Uns andam lá pelo tacho, outros é plas sandochas.
Por falar em claques, já agora esses senhores podiam falar com o Paulo Futre e mandar vir um charter de Chineses para abanar bandeirinhas! Não digam que só lhes "casco", também dou alternativas! E para além de bilhetes para o oceanário podiam oferecer passes para as SCUT, descontos para a feira do livro do Porto e bilhetes para os festivais de verão.
Pasme-se! Para alguns fazer campanha eleitoral é dar pão a troco de um bocado de faz-de-conta.
Assim temos o pão, e compõe-se o circo mas os palhaços e os malabaristas são outros.